terça-feira, 19 de abril de 2016

INGESTÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE LAVANDA COMO MEDICAMENTO

Olá... hoje vim com um artigo que muita gente vai achar polêmico.... Bem, para quem já foi meu aluno ou convive comigo, sabe que eu faço ingestão de óleos essenciais. Uma amiga uma vez até brincou perguntando se eu queria ficar perfumada também por dentro.
Faço ingestão de óleos há muitos anos. Já postei testemunho sobre o óleo de pindaíba para enxaqueca, do tea tree em implantes dentários e de limão para limpeza e proteção do fígado e diminuição dos níveis de colesterol.
Nossa, como me criticaram por isso, me  chamaram  de doida e irresponsável, porém ao contrário do que essas pessoas esbravejaram que poderia acontecer comigo, os resultados foram e são positivos, e meus exames clínicos mostram total normalidade... Ah, e o meu fígado? Ele está ótimo, porque faço exames anuais ... e olha que eu tive hepatite quando jovem...!!!! Mas a questão é: eu não saio tomando qualquer óleo essencial e nunca  saí tomando óleo logo da primeira vez que lí um artigo e nem porque alguém falou que seria legal.  Venho estudando e aprendendo ao longo desses quase 10 anos de convivência e trabalho com aromaterapia, pesquiso e acompanho  artigos científicos, livros e publicações sérias, como a que tenho o prazer de colocar nessa postagem.
O que sempre digo para as pessoas é que nunca tomem um óleo sem saber tudo o que existe sobre ele. Sem saber seus efeitos colaterais, e o mais importante - que não saiam tomando óleo essencial por conta própria, sem a devida orientação.
Já coloquei aqui no blog, em outra postagem, um artigo do Prof. Fabian Laszlo, sobre toxidade de óleos essenciais e acho uma boa sempre reler,,, ÓLEOS ESSENCIAIS PODEM SER INGERIDOS?

Bem, acredito que muitas novidades nesse campo devem vir ainda este ano. Então, vamos começar com um artigo bárbaro da Dra. Adriana, que foi publicado pela Laszlo..e até a próxima!!!
Assim como o desenvolvimento da homeopatia e sua medicação por Hahnemann em 1779, novamente a Alemanha é pioneira por lançar oficialmente no mercado um medicamento exclusivamente a base de óleo essencial (OE) de lavanda (Lavandula angustifolia).
Em 2010, um laboratório da Alemanha registrou e lançou no mercado o medicamento Silexan®, cuja composição de cada cápsula varia de 80 mg ou 160 mg de OE de lavanda (L. angustifolia), contendo como principais constituintes o linalol e o acetato de linalila (Silexan®, register 2009). Os resultados das investigações evidenciaram a ação ansiolítica deste medicamento, ao ser ingerida 1 (uma) cápsula diariamente por período de 14 dias consecutivos (Kasper, 2013; 2015), demonstrando que OE de lavanda é tão eficaz quanto o benzodiazepínico lorazepam, em adultos com desordem de ansiedade generalizada (Woelk e Schläfke, 2010; Kasper, 2013; 2015). Deste modo eles indicam seu uso clínico por via oral para tratar ansiedade. Podemos calcular em gotas, a quantidade de óleo essencial de cada cápsula, ser em torno de uma gota (para a cápsula de 80 mg) e de 3 gotas (para a cápsula de 160 mg); o que coincide com a medida padrão que utiliza-se dentro da aromatologia francesa via oral há mais de 50 anos para tratamento de insônia e ansiedade, conforme vemos em livros como Aromathérapie, Traitement des maladies par les essences des plantes do Dr. Jean Valnet, publicado em 1964
A ação ansiolítica do OE de lavanda não se caracteriza como a ação de um benzodia-epínico, o que pode explicar a ausência de tolerância, dependência e síndrome de abstinência (Silenieks et al., 2013). Uehleke (2012), em seus resultados, constatou a ação do OE de lavanda também em situações de estresse pós-traumático, vindo ao encontro das investigações de Toda e Moritomo (2008), relativas à redução do estresse em voluntários humanos quando submetidos à inalação do óleo essencial de lavanda (Lavandula angustifolia), e de Aprotosoaie (2014) e de Effati-Daryani (2015). Uma das hipóteses do mecanis-mo da ação ansiolítica do OE de Lavandula angustifolia sustenta que este OE, através de seus componentes, é uma potente droga ansiolítica, semelhante ao fármaco pregabalina, que reduz o influxo de cálcio nos terminais pré-sinápticos em neurônios hiperexcitados pré-sinápticos do hipocampo, reduzindo dessa forma a liberação de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato (Simonnet, 2008; Carrasco et al., 2013; Castro et al., 2013; Schuwald et al., 2013; Vadivelu et al., 2014). Bagetta (2010) e Navarra (2015) estudaram neuro-farmacologicamente a ação, nos sintomas de ansiedade induzida por estresse, transtornos leves de humor e dor do câncer, de outro óleo essencial cuja composição inclui percentuais elevados dos componentes linalol e acetato de linalila. Eles constataram a capacidade do óleo essencial em interferir no hipocampo dos mamíferos, na plasticidade sináptica normal e patológica. A neuroproteção foi observada no decurso de uma isquemia cerebral e dor. Estes autores associam esses efeitos aos componentes do OE, entre eles o linalol e o acetato de linalila.
Desse modo, a ingestão pura do óleo essencial de lavanda Lavandula angustifolia na quantidade de 80 a 160 mg por dia está regulamentada na Alemanha para o tratamento da ansiedade, com uma resposta terapêutica superior a medicação alopática, sem os transtornos dos efeitos colaterais.
Autora:
Adriana Nunes Wolffenbüttel
Doutora em Ciências Farmacêuticas. Autora do livro “Base da Química da Aromaterapia e dos Óleos Essenciais” - link para compra da 2a edição do livro:http://goo.gl/JxDlFI


Referências:
1. APROTOSOAIE, A. C., et al. Linalool: a review on a key odorant molecule with valuable biological properties. Flavour and Fragrance Journal, 29(4), 193-219, 2014. / 2. BAGETTA, G.; et al. Review, Neuropharmacology of the essential oil of bergamot. Fitoterapia, v. 81, p. 453–461, 2010. / 3. CARRASCO, J.L.; et al. Análisis comparativo de costes del inicio de terapia con pregabalina o ISRS/ISRN en pacientes resistentes a las benzodiazepinas con trastorno de ansiedad generalizada en España. Actas Españolas de Psiquiatría, v. 41, p. 164-74, 2013. / 4. CASTRO, R.J.A.; et al. Tratamento da dor em queimados. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 63, p. 149-158, 2013. / 5. EFFATI-DARYANI, F., et al. Effect of Lavender Cream with or without Foot-bath on Anxiety, Stress and Depression in Pregnancy: a Randomized Placebo-Controlled Trial. Journal of Caring Sciences, 4(1), 63–73, 2015. / 6. KASPER, S. An orally administered lavandula oil preparation (Silexan) for anxiety disorder and related conditions: an evidence based review. International Journal of Psychiatry in Clinical Practice, v. 17, p. 15-22, 2013. / 7. KASPER, et al. Efficacy of orally administered Silexan in patients with an-xiety-related restlessness and disturbed sleep–a randomized, placebo-controlled trial. European Neuropsychopharmacology, august, 2015. / 8. NAVARRA, M., et al. Citrus bergamia essential oil: from basic research to clinical application. Frontiers in pharmacology, 6, 2015. / 9. SCHUWALD, A.M.; et al. Lavender Oil-Potent Anxiolytic Proper-ties via Modulating Voltage Dependent Calcium Channels. PLoS ONE, v. 8, p. e59998, 2013. / 10. SILENIEKS, L.B.; et al. Silexan, an essential oil from flowers of Lavandula angustifolia, is not recognized as benzodiazepine-like in rats trained to discriminate a diazepam cue. Phytomedicine, v.20, p.172-177, 2013. / 11. SILEXAN®, register 2009: International Standard Randomised Controlled Trial Number ISRCTN74386009. Disponível em: <http://www.controlled-trials.com/ISRCTN74386009
>. Acessado em 11/10/2015. / 12. SIMONNET, G. Pre-emptive antihyperalgesia to improve pre-emptive analgesia. Anesthesiology, v. 108, p. 352-354, 2008. / 13. TODA, M.; MORIMOTO, K. Effect of lavender aroma on salivary endocrinological stress markers. Archives of Oral Biology, v. 53, p. 964-968, 2008. / 14. UEHLEKE, B.; et al. Phase II trial on the effects of Silexan in patients with neurasthenia, post-traumatic stress disorder or somatization disorder. Phytomedicine, v. 19, p. 665-671, 2012. / 15. VADIVELU, N.,et al. Preventive analgesia for postoperative pain control: a broader concept. Local and Regional Anesthesia, 7, 17–22, 2014. / 16. WOELK, H.; SCHLÄFKE, S. A multi-center, double-blind, randomised study of the lavender oil preparation silexan in comparison to lorazepam for generalized anxiety disorder. Phytomedicine, v. 17, p. 94–99, 2010.