terça-feira, 28 de abril de 2015

UCUÚBA

Virola sebifera, conhecida popularmente como ucuúba-do-Cerrado e ucuúba vermelho, uma árvore de 5 a 30 metros de altura da família das Myristicaceae, virou estrela de comercial essa semana, de uma marca de cosméticos bem famosa .

Mas como eu não sou representante dessa empresa e muito menos utilizo produtos cosméticos comerciais, já que tenho tido a oportunidade de não só testar produtos que eu mesma faço, como de outras empresas que trabalham com matérias-primas orgânicas , naturais e sem aditivos químicos , resolví pesquisar um pouco mais sobre a Ucuúba e falar de seus benefícios e por que não, incluí-la na minha formulação de cremes para os pés! E ficou um "must", diga-se de passagem.

Xamãs dos povos indígenas da Venezuela usam a fumaça da casca interna do tronco da Ucuúba para tratar casos de febre. Acreditam também que cascas de virola cozidas são úteis para expulsar maus espíritos.  Tribos da Amazônia e também no Nordeste , a resina desta árvore é fervida, seca e pulverizada, para ser inalada em rituais. Dizem que ela traz a mesma sensação do chá Ayahuasca.
O suco fresco, de cor vermelha, extraído da casda da Ucuúba é usado tradicionalmente para tratar abcessos, paroníquias (infecção da pele que rodeia a unha), furúnculos, fissuras anais, infecções da glândula parótida, amigdalites, infecções bacterianas, entre outros.

No site http://ppmac.org, encontramos que :
- "a Ucuúba é normalmente confundida com a famosa noz-moscada, devido a semelhanças de aroma e formato do fruto e sementes. A noz-moscada é uma especiaria consumida em todo mundo e tem como nome científico Myristica fragans e é originária da Indonésia.

 - O sebo e a seiva têm diversas aplicações na medicina caseira principalmente no tratamento de reumatismo, artrite, cólicas, aftas e hemorróidas. Estudos científicos estão sendo conduzidos visando a utilização do sebo no tratamento da malária e da doença-de-chagas. 
- Estudos etnofarmacológicos desta espécie demonstra seu uso para tratamento de doenças bacterianas. A resina da casca é utilizada na medicina popular para o tratamento de erisipelas e o chá das folhas é indicado em cólicas, dispepsia e processos inflamatórios e as folhas são usadas, por inalação, para o tratamento da malária. Foi detectada na seiva a atividade gastroprotetora atribuída a presença de flavonóides.
- No Estado de Roraima, esta espécie é usada pela população local para combater o câncer, infecções, ajudar as mulheres a engravidar, sendo bastante comercializado seu látex em garrafas ou as garrafadas prontas.
 -Em sua composição química V. surinamensis apresenta várias classes de substâncias como alcalóides, lignanas e neolignanas. Neolignanas do tipo 8.O.4´ apresentam potente atividade antimalárica. Atualmente mais de 450 lignanas e neolignanas, com mais de quarenta tipos diferentes de esqueletos carbônicos, são descritos na literatura. Estudos com este grupo de substâncias mostraram importantes propriedades biológicas. 
 -Um trabalho foi conduzido para isolar e identificar neolignanas para serem avaliadas nos ensaios antimaláricos. Do extrato acetato de etila das folhas de V. surinamensis, foram isoladas três substâncias das quais uma foi identificada como a neolignana do tipo 8.8’ (S1), inédita como produto natural.
 - As sementes de ucuuba são compostas por uma massa branca, marmorizada de amarelo com alto ponto de fusão, denominada manteiga ou sebo de ucuuba, possuem um formato arredondado, pesam de 1 a 3 gramas e são revestidas por uma casca frágil, não aderente e relativamente fina."
Das sementes, algumas empresas como a Destilaria Bauru em Catanduva , produz a manteiga de Ucuúba, de cor amarela e aroma que lembra a noz moscada.  
Ainda no site  citado, encontramos a informação que a manteiga de ucuuba tem um alto ponto de fusão (53°C) e valor de saponificação (220 mg KOH g/óleo), o que ultrapassa os valores de sebo de vaca (que variam entre 43-45°C e 200 mg KOH/g ), o que faz da manteiga de ucuuba uma matéria-prima ideal que pode substituir o sebo animal na produção de sabonetes finos, bem como substituir outras substâncias gordurosas nas indústrias alimentícias e farmacêuticas que precisam de um alto ponto de fusão.
"A substituição da gordura animal pela manteiga vegetal de ucuuba resolve o problema da contaminação do produto a partir da utilização de sebo animal e ainda resulta num sabão de maior consistência e durabilidade. O seu emprego é perfeitamente viável apesar de ser mais caro do que o sebo animal ."
As sementes são ricas em gordura (60% - 70% ) e 70 % de gordura é composta de trimiristina, um triglicérido de ácido mirístico, um óleo essencial aromático importante para as indústrias de cosméticos, farmacêuticos e alimentares. Atualmente este óleo essencial é extraído da noz-moscada, que tem uma concentração de cerca de 80% deste triglicéridos.(Para mais informações consulte a tabela de composição da  Amazon Oil Industry)
O óleo extraído das sementes (sebo de ucuuba), rico em trimiristina e de odor agradável, pode ser usado na fabricação de velas, sabões, cosméticos e perfumes. O elevado conteúdo de óleo das sementes (60 a 73%) deu origem ao nome "ucuuba", que significa árvore que produz substância gordurosa. 
Encontramos ainda que as principais propriedades da manteiga de Ucuúba relacionadas com cosméticos são: cicatrizante, anti-séptica, hidratante (alta capacidade de penetração na pele) e revitalizante, devido ao poder renovador de seus fitoativos. Ela é indicada em formulações para tratamento de peles sensíveis, que necessitam de rápida cicatrização, como a pele oleosa e acneica ou para cuidar das rachaduras nos pés, em particular nos calcanhares.


Referências:- www.destilariabauru.com.br;   site www.ppmac.org,:Rosane Maria Salvi, Médica (Porto Alegre, RS), 2009, Eliane, Diefenthaeler Heuser, Bióloga (Porto Alegre, RS), 2009. 
  1. SALVI, R.M.; HEUSER E. D. Interações medicamentos x fitoterápicos: em busca de uma prescrição racional. EDIPUCRS, Porto Alegre (RS). 2008.
  2. Distribuição geográfica de mucuíba (Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb) no Estado de Roraima - Acesso em 5/1/2015
  3. Estudo das característica da ucuuba (Virola surinamensis) e do inajá (Maximiliana regia) com vistas a produção de biodiesel - Acesso em 5/1/2015
  4. SBPC: Avaliação da atividade do extrato aquoso da Virola surinamensis (Rol) Warb - Acesso em 5/1/2015
  5. Neolignana 8.8´ das folhas de Virola surinamensis (Rol.) Warb - Acesso em 5/1/2015
  6. Museu Emílio Goeldi: Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. (Myristicaceae): aspectos morfológicos do fruto, semente, germinação e plântula - Acesso em 5/1/2015
  7. Amazon Oil Industry - Acesso em 5/1/2015
  8. Imagem: Smithsonian Tropical Research Institute (Author: Steven Paton); Cultura Mix - Acesso em 5/1/2015
  9. The Plant List - Acesso em 5/1/2015

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